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A "Fênix da América" - Juana Inés de la Cruz

  • Foto do escritor: Larissa Melo
    Larissa Melo
  • 19 de jul. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 21 de jul. de 2020


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Conhecida como a "Fênix da América", Juana Inés de La Cruz foi uma intelectual considerada uma das primeiras mulheres a defender o direito de mulheres na América. Latino americana e de origem indígena e mexicana, Juana Inês foi um fenômeno muito à frente de seu tempo antes mesmo do feminismo existir propriamente. Aos 16 anos ela já dominava debates filosóficos e científicos complexos e pediu a mãe autorização para disfarçar-se de homem e frequentar a universidade. Com o pedido negado, Juana decide então continuar estudando de forma autônoma.


Ficou famosa por sua inteligência precoce e atraiu a atenção do Vice-Rei, que querendo testar os conhecimentos da jovem convidou teólogos, filósofos e até mesmo juristas para fazer questões elaboradas sobre teorias científicas, temas literários e filosóficos para que a jovem respondesse. Diante de todas as perguntas, Juana respondeu de forma eloquente, sendo capaz de explicar teorias científicas completas entre outros assuntos do mais alto nível filosófico.


Surpreendeu a todos os presentes e recebeu um lugar de respeito na corte, tendo sido dama de companhia da Vice-rainha da Nova Espanha, quando o México era colonizado por espanhóis.


Juana era também famosa por seus feitos literários e escreveu diversos poemas que eram publicados pelas Vice-rainhas da época, que possuíam fascínio e admiração pelo trabalho dela. Alguns poemas e cartas belamente escritos para Vice-rainhas lhe renderam interpretações de que talvez Juana fosse lésbica pela maneira romântica a que se referia a elas e por ter decidido nunca se casar, mas nada foi comprovado sobre isso.


Ela decidiu recusar propostas de casamento e tornar-se freira para poder estudar e continuar escrevendo literatura, filosofia e outros temas de forma livre. Ela possuía interesses em obras que poucas pessoas tinham acesso na época, como o pensamento de Leibniz, por exemplo.


Sua filosofia e também poesia era centrada no tema da liberdade. Escreveu um poema polêmico que deu o título de "Homens Estúpidos" onde ela advoga o direito das mulheres de receber respeito e condena os homens que atrelados a moralidade da época criticavam a prostituição, no entanto aproveitavam-se dela.


Em 1690, teve sua crítica ao sermão do Padre Antônio Vieira publicada por um bispo, que o fez sem que Juana soubesse. Este mesmo bispo que usou o trabalho de Juana sem seu consentimento, chamava-se Manuel Fernández e o mesmo disse que na verdade Juana não deveria devotar-se aos estudos e sim manter seu foco apenas em orações, por ser mulher.

Juana rebateu a crítica do bispo defendendo o direito das mulheres à educação e inclusive utilizou Teresa de Ávila de que "Uma mulher poderia perfeitamente filosofar enquanto faz a janta."


Juana acreditava na educação e poder intelectual das mulheres e como isso poderia influenciar o mundo de maneira profunda. Ela foi extremamente transgressora e seus escritos só sobreviveram porque foram protegidos pela Vice-rainha. É sobre isso, mulheres ajudando mulheres, apoiando-se neste mundo adverso.


Ela foi proibida e censurada, sem poder continuar a escrever ou mesmo ter acesso a sua vasta biblioteca, teve que desfazer-se de tudo. Terminou sua vida ainda como freira e dedicou-se ao trabalho beneficente até o fim de seus dias.



Fontes:

"Juana Inez de la Cruz, uma feminista barroca" disponível no site da Época.


"Nobel mexicano analisa a obra da primeira feminista da América" disponível no site Estadão.


Texto por: Larissa Melo

@venusinfurs96

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